Para a psicologia e a sociologia, a anomia é um estado que surge quando as regras sociais foram degradadas ou diretamente eliminadas e não são mais respeitadas pelos membros de uma comunidade. O conceito, portanto, também pode se referir à falta de leis. Este nome é dado a todas as situações que se caracterizam pela ausência de normas sociais que as restrinjam e é também um distúrbio de linguagem que impossibilita uma pessoa chamar as coisas pelo nome.
A anomia é, para as ciências sociais, um defeito da sociedade que fica evidente quando suas instituições e esquemas falham em fornecer a alguns indivíduos as ferramentas essenciais para atingir seus objetivos em sua comunidade. Isso significa que a anomia explica o motivo de certos comportamentos anti-sociais que estão longe do que é considerado normal ou aceitável.
Na medicina, por sua vez, o termo é usado para expressar aqueles distúrbios de linguagem que impedem alguns indivíduos de chamar as coisas pelo nome. A explicação simples dada para esse transtorno é que ele envolve constantemente a sensação de ter palavras na ponta da língua. Recebe esse nome porque se caracteriza pela falta de leis nas regras da linguagem.
Quando falamos, procuramos cada termo em seu próprio léxico, no qual coexistem de 50 a 100 mil palavras. É um processo quase instantâneo, mas absolutamente complexo. Adquirimos essa habilidade com a prática e para isso devemos ter o sistema cognitivo sempre atento e preparado, porém às vezes falha e é por isso que temos lacunas quando nos expressamos, vemos alguns termos ou expressões, etc. A anomia ocorre quando essa dificuldade se torna crônica e é impossível recuperar as palavras ao falar; é comum durante o envelhecimento, quando sofre de lesões cerebrais ou doenças degenerativas (Alzheimer).
Voltando ao que as ciências sociais entendem por anomia, diremos que é uma violação das normas, embora não de uma lei: se uma pessoa infringe a lei, comete um crime. Normalmente, as classes mais baixas da sociedade estão sob maior pressão e têm maior propensão a se afastar das normas sociais compartilhadas.
Os principais promotores do conceito foram os sociólogos Emile Durkheim e Robert Merton. Este último especialista indica que a anomia surge quando se dissociam os objetivos de uma cultura e a possibilidade de acesso de alguns grupos populacionais aos meios necessários. A associação entre meios e fins, portanto, começa a se enfraquecer até que ocorra a ruptura do tecido social.
Segundo Emile Durkheim, quando um grupo é altamente unido, ele desenvolve um certo número de normas para regular o comportamento e manter a ordem dentro dele, que estabelecem limites para as aspirações e conquistas, bem como as ações de cada indivíduo para proporcionar um certa segurança para o todo. Para ele não foi possível pensar a ação social de forma absolutamente livre, pois sem normas não pode haver pactos de harmonia em uma sociedade e guias que colaborem para um comportamento linear favorável a toda a comunidade. Por meio das expectativas do grupo, os relacionamentos podem ser atualizados e compartilhados em um ambiente cultural.
Por sua vez, Robert K. Merton, expressou que anomia é sinônimo de falta de leis e controle em uma sociedade e seu resultado é uma grande insatisfação com a ausência de limites quanto ao que se pode desejar.